terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Capelinha da Ingazeiras: Um pedaço da história a nos pedir socorro - Por José Cícero


Neste último domingo(20) resolvi andar à esmo. Lembrei-me de um simples monumento que há anos conservei em minha mente todas as vezes que passei por ali.  Resolvi  visitar a antiga capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro(ou o que ainda resta dela). A mesma está localizada logo  na entrado do distrito de Ingazeiras no município de Aurora.
Fruto de uma promessa alcançada pelo decano dos pereiras do sítio Juiz e do lugar - o Sr. Severino Pereira, tendo sido edificada inicialmente no distante ano de 1928. Depois reconstruida em 1966 pelos seus descendentes. A simplória capelinha por todos estes anos tem sido, por assim dizer,  um verdadeiro marco visual a compor a paisagem quase agreste do belo distrito. Agora, contudo, encontra-se totalmente abandonada não somente pelos que restam da família que, por anos a fio tiveram o trabalho de cuidá-la, como igualmete pelos moradores do lugar. 
De modo que hoje, dado o seu estágio de  desprezo quase nada mais resta daquilo que ela foi um dia; a não ser as velhas paredes de tijolos queimados e rebocadas de barro cru. Sem portas e sem telhado o mato começa a tomar conta dos seus espaços. O que  com a chuva e com o sol o pequeno altar e o rústico oratório dos santos  não resistiram e desmoronaram ante a ação do intemperismo. Fragmentos de antigas imagens sacras e ex-votos encontram-se espalhados pelo chão.  A visão agora é do mais completo abandono. Algo que nos dói na própria alma.
Apenas as paredes externas e a alta calçada do seu entorno  ainda teimam em resistir ao fantasma do tempo e ao  abandono total, assim como a evidente e indisfarçável indiferença  humana.  A sensação é de que, quase ninguém por ali a enxerga. Uma pena das mais lamentáveis. Porque a capelinha representa um pedaço importante da história daquele lugar.
Olhar o absoluto estado de abandono porque passa a capelinha daquele distrito num calmo e sonolento dia  de domingo foi para mim, como se observássemos a luta ferrenha e imaginária do profano  e do sagrado no coliseu dos nossos próprios olhos saturados de fumaça e de tragédias.
Uma vez dentro dela fiz minha oração pessoal. Pedi a Deus e a todos os santos espedaçados pelo chão que iluminassem a consciência dos homens no sentido de que salvassem aquela bela e adorável capelinha.
Em nome da história e da memória contra o esquecimento, temos que unir forças no sentido de sorguer(e preservar) o quanto antes a bela, memorável e aprazível capelina, agora solitária, mas calma, modesta e valente como quem a nos pedir clemência e socorro às portas do distrito não menos adorável de Ingazeiras. Há que presevá-la na perspectiva de que possamos  num esforço coletivo garanti-la sã e salva às novas gerações...
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Prof. José Cícero
Secretário de Cultura, Turismo e Esporte
Aurora - CE.
Foros JC/C.Costa

Um comentário:

vanilda disse...

As vezes nos deparamos com relatos de HISTÓRIAS de um passado tão VIVO, que só em ler, viajamos no tempo! Ai, fica difícil comentar...Falamos do assunto comentado (Capela Nossa Senhora do Socorro) ou de quem teve e tem a sensibilidade de enxergar os fatos? Mesmo quando lhe arranha a alma, como ele mesmo diz em seu próprio texto. Parabéns Sr. José Cícero! Tenho certeza da sua força e acredito no seu trabalho. Não deixe a HISTÓRIA morrer!
Vanilda-SP.(aurorense)