terça-feira, 15 de novembro de 2011

15 de novembro: Qual a razão deste feriado?

Hoje, dia 15 de novembro. Feriado nacional. À propósito por que será que quase ninguém se dá ao trabalho de se perguntar qual a verdadeira razão deste dia simbólico? Afinal, são tantos os feriados que certamente um a mais ou a menos, talvez não faça a menor diferença.

Contudo, diria que um pouco de esforço mental aliado a curiosidade não lhes faria mal algum. Muito pelo contrário, só ajudaria os brasileiros de modo geral a conhecer um pouco mais da sua própria história. Aliás, não é a toa que somos todos de uma jeito ou de outros, sujeitos dela...

Mas a lei do esforço mínimo, até para pensar tem feito(da maioria) dos nossos patrícios meros autômatos a esperar de boca aberta e olhos vidrados na TV o que os outros têm a lhes dizer de tudo o mais que ocorra ou possa acontecer no Brasil e no planeta como um todo.

Sujeitos passivos acostumados demais com os cômodos ares da indiferença e da insensibilidade nacional. Posto que, ninguém mais quer pensar e raciocinar por si mesmo. A ninguém cabe mais enxergar o óbvio ululante, isto é, a realidade a sua volta. Tampouco o seu passado histórico de lutas, agruras e opressão de classe. Toda a vida e toda glória deste mundo parece só valer a pena, quando vista pela janela da mídia marrom. Instrumento propulsor de ludibrio, factóide e desinformação popular.
Até a história 'eles' esperam receber empacotada a vácuo, segundo a versão televisiva dos poderosos que tentam a qualquer custo manter este estado de coisa. A moda agora parece ser: a mediocridade e a desinformação dos indivíduos...Pensar diferente e com altivez parece garfe. Uma pena.
Desta maneira é que quase ninguém sabe ao certo e com a necessária profundidade crítica e reflexiva a verdadeira história deste 15 de novembro. Sequer os seus principais desdobramentos historiográficos. Afinal de contas, o que haveremos de comemorar? Hoje, até mesmo o ‘colorido’ que as escolas do passado nos ensinavam acerca desta data desapareceu, caiu no mais completo desuso cultural.

Este feriado diria que é a própria memória do esquecimento. Não sei até que ponto isso possa ser bom para os brasileiros, sobretudo para a juventude estudantil. Porque todos os fatos históricos precisam necessariamente ser problematizados pela geração do presente. Só assim poderíamos a partir da compreensão do passado, entender o presente e nos preparar melhor para o futuro. Este seria, sem dúvida, o maior contributo da história para a contemporaneidade. Um legado a que todos deveriam abraçar com entusiasmo e bem querência.
Mas afinal, qual a razão deste feriado de 15 de novembro? Qual o porquê desta suposta comemoração? O que haveremos de festejar em seu louvor?
Ora, a chamada proclamação da República nada mais foi do que a instauração do primeiro golpe de Estado que as elites(rurais e urbanas) impuseram a este país. Inaugurara assim pela primeira vez na sua história um novo regime que pudesse dá continuidade a exclusão social de grande parcelas da nossa sociedade, como permanece até os dias atuais.

Um movimento político-militar que promoveu pela força, a troca do regime Imperial pelo republicano a 15 de novembro de 1889 no Rio de Janeiro, a então capital do Império. Um ato que ficou a cargo do Sr. Marechal Deodoro da Fonseca naquela época o chefe das forças armadas do império.
Amigo pessoal de D. Pedro II Deodoro da Fonseca foi instigado pelos poderosos inimigos do imperador a tentar o golpe. Indicado para ser o chefe da nação, aceitou o de bom grado. Portanto, uma traição sem medida ao ponto de o marechal não ter sequer a coragem ou mesmo a hombridade de entregar pessoalmente a carta a D. Pedro.

Um golpe formal sem confronto ou resistência. Feito na calada da noite sem a mínima participação popular. Dois dias depois o imperador embarcava para Portugal com toda a família real, num misto de tristeza e de saudade.
Um ano antes (13 de maio de 1888) com o fim da escravidão, o regime imperial havia sofrido seu primeiro abalo, ficando à mercê dos oportunistas civis e militares que sonhavam ascender ao poder por meio da força. Portanto, um conluio mancomunado pela burguesia, que expressou os grandes interesses dos poderosos da época.
Um acontecimento feito, portanto pelas elites e, como se percebe, sem nenhuma participação do povo. Faltou a euforia das massas pelas ruas. Um golpe dado às escuras, no bréu da noite. Sem qualquer protagonismo social que o valha como um acontecimento notório da nossa história política. Um fato meio que temerário para alguns. Uma aposta para outros aventureiros. Pois, no fundo, havia o temor de que a massa pobre pudesse reagir ficando por seu turno, do lado do imperador caso D. Pedro tentasse uma reação.
Entretanto, D. Pedro II, como um verdadeiro ‘estadista’ não ofereceu nenhuma resistência, optando pelo não-derramamento de sangue do seu povo. Sucumbiu à perfídia. Ou seja, a traição daquele a que ele próprio confiara o comando do exército imperial.

O Brasil desde então experimentaria um novo regime. Uma nova história começava a partir daquele instante a ser inscrita de forma muitas vezes dramática, mas sem as devidas pinceladas da verdade. Dada ser ele escrita pelos vencedores. Deodoro da Fonseca assumiria assim, a chefia do novo governo provisório que seria denominado de 'Brasil República'.
De lá para cá já se foram 122 anos de republicanismo. Cabe agora a nós, os contemporâneos avaliar o que houve de positivo neste tempo todo. A que preço o povo brasileiro tivera que pagar por toda esta aventura republicana, que alguns se arriscam, inclusive, a dizer que não deu certo. E, eu, modestamente estou inclinado a concordar com estes últimos.
Quantos golpes sangrentos e brancos ocorreram depois de Deodoro? Quantas ilusões fomos obrigados; forçosamente, a jogar por terra, depois de termos acalentado-as por toda uma existência? Quantos não tiveram que pagar com a própria vida o pesado preço do sonho da democracia e do estado de direito? Quanto tempo perdemos. Quantos anos em vão, desperdiçados em nome das velhas utopias que nunca se concretizaram. Sonhos de grandezas e de progresso esvaídos...

Quantas oportunidades o Brasil desperdiçou na sua caminhada de 122 anos prenhe de tantas idas e tantas vindas.

Enfim, a tal república com suas benesses que ainda estão por acontecer. Pelo menos à altura do que realmente deseja e merece a sociedade brasileira. A república, enquanto regime sociopolítico de caráter solidário e progressista ainda é uma grande dívida da história com o Brasil do agora. Porém, um feriado é sempre um feriado e daí?!

Prof. José Cícero -
Escritor, Poeta e Pesquisador.
Secretário de Cultura.

Aurora-CE

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2 comentários:

vanilda disse...

Mesmo quando a timidez ousa impedir de comentar sobre estes textos, fica impossível calar-se diante de tantas verdades. Amo ler todos! Encontramos netas leituras,seriedades de uma CULTURA ESPLÊNDIDA, a qual retrata a dedicação do autor.
Parabéns.Sou fã do seu Blog.
Vanilda SP.(aurorense)

vanilda disse...

Mesmo quando a timidez ousa impedir de comentar sobre estes textos, fica impossível calar-se diante de tantas verdades. Amo ler todos! Encontramos netas leituras,seriedades de uma CULTURA ESPLÊNDIDA, a qual retrata a dedicação do autor.
Parabéns.Sou fã do seu Blog.
Vanilda SP.(aurorense)