sábado, 8 de novembro de 2008

Aurora, jovem debutante e centenária



125 anos de emancipação cívico-política,
lutas e conquistas...
Esta é Aurora - Cidade aprazível e bela
De um povo forte e destemido.
Rainha do Cariri e que o Ceará tanto adora.
Encantamento natural de vales e serras
De um chão de riquezas em que o rio Salgado
Dorme, corta e fertiliza.
Cidade do Menino Deus,
Serra Azul, Aldemir , Ermenegildo e Amarílio.
Nem sua feição mais moderna
fê-la esquecer e se despir do seu antigo encanto,
há muito preservado e pastoreado pela história afora.
Da taberneira Aurora ao lado do rio,
aplacando o cansaço dos visitantes.
Do Negro Benedito zeloso na sua capela
Dobrando o sino do império,
Para provar ao coronel do Casarão
Que a sua fé era ainda mais forte
Do que o preconceito.
Aurora do entroncamento do primeiro trem - a Maria-fumaça.
Da grandeza do seu “ouro branco” - o algodão.
Da brava Marica, dos visionários padre França e padre Luna.
De Lampião, Massilon, Izaías e seus coiteiros na Ipueiras.
De padre Cícero, Bartolomeu e as minas do Coxá.
Da jagunçada: invasão e saque de 1908.
Aurora de um passado quase hermético,
Altissonante de batalhas e tantas glórias.
Mesmo, com tanta história para contar,
Aurora hoje, é uma jovem debutante.
que sonhara fazer-se mulher-centenária
apenas para mostrar de vez para o Ceará e o mundo
os seus finos dotes de mulher amada.
Além do quanto “trágica e tremenda” foi a sua história.
Seu aniversário por isso é uma festa de congraçamento
entre seus filhos, como um encontro de velhos amigos.
Um marco entre gerações que nunca perderam de vista
o sonho, a utopia, assim como a esperança de sempre acreditar
numa Aurora possível, moderna e renovada;
Tal qual uma criança enviada pelos deuses
e que ainda hoje permanece de braços abertos
sempre disposta a abraçar o tempo futuro.
Num abraço forte e altaneiro
com a exata dimensão do Salgado.
Aurora, guarida primeira dos índios Kariri-novos,
oriundos do além-fronteiras,
das sequidões da distante Borborema.
Aurora, orgulho indelével do Cariri -
Oásis de eternas grandezas enamorando os poetas.
arrebatando os colonizadores.
Sonho de vitória de um povo a se espalhar pelo mundo afora.
Terra do sem-fim de uma gente humilde, feliz e hospitaleira
a carregar nos próprios ombros, pelos anos afora,
toda a coragem necessária para a vitória.
Como no próprio peito, a ousadia de sempre construir novos caminhos.
Aurora é sinônimo de felicidade, ode à vida, devoção...
Pura crença num amanhã de conquista.
Esperança de um mundo melhor.
Voz de um povo que nunca se cala.
Amor a se derramar pelas veias e pelo chão
com se fossem as enchentes do Salgado
derramando-se por entre tantos, que porventura
não tenham olhos para ver os horizontes do porvir,
estampado no sol nascente
da Aurora que ora se renova graciosamente e bela
em todas as manhãs;
Como donzela a se enfeitar para o amante
Ou os Kariris a se pintar para a guerra.
Aurora é por fim, um estado de espírito.
Puro deslumbramento juvenil e coletivo
de uma gente que pensando grande,
Jamais perdeu a capacidade de acreditar.
Muito especialmente em todos os 10 de novembro
De cada ano.
Aurora é uma saudade eterna: máximo saudosismo
de um passado que nunca passa....
Por: José Cícero
In Revista Aurora

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